Norma
México
Aborto
Após um ano de relações comecei a sentir tonturas, náuseas e atraso de dois meses no período. Falei com o meu namorado e comentei-lhe o que suspeitava. Fomos com a sua tia, que trabalha num laboratório, e fiz o teste de gravidez e o resultado foi positivo. Ficamos os dois radiantes e emocionados ao ver o relatório. Nesse momento expressamos a nossa felicidade, a qual durou muito pouco. Reconheço que tinha medo, já que os meus pais não aceitam o nosso noivado e além disso eu estava estudando. Jamais pensei em abortar, e pensei que se o meu companheiro me o pedisse a minha decisão seria deixá-lo a ele e ter o meu bebé, mas felizmente não foi necessário já que ele começou a planejar tudo para podermos falar com os meus pais.
Depois dessa fase ele me acarinhava e se propus trabalhar em dois turnos. Acontece que dois dias depois de receber a notícia da gravidez, ao ir à casa de banho, e depois de urinar, vi sangue, surpreendeu-me e fui-me deitar enquanto lhe falava a ele por telefone ao seu trabalho. Fomos ter com o médico à noite e ele me atendeu. Disse-me que precisava de guardar repouso já que a minha gravidez era uma gravidez de alto risco. Sentia dor física e emocional. Tinha muito medo. Receitou-me um medicamento para reter a perda de sangue, e segui as suas indicações. Pediu-me que repousasse o qual era impossível já que a minha mãe me pedia que a ajudasse com as tarefas da casa e obviamente não sabia nada do que estava a acontecer. Foram 15 dias angustiantes e de medo. A perda de sangue não estagnava, senão o contrario, aumentou em quantidade. Quando fui à casa de banho senti “algo” a cair no fundo da retrete e imediatamente fomos ter com o médico que me levou e me fez um ultra-som. Pegou nos seus óculos e baixou o olhar. Atrevo-me a dizer que o médico se entristeceu ao dizer-nos que não havia bebé, que o tinha perdido e que tinha sido um aborto completo.
O médico e a mesma tia do meu namorado foram testemunhas da alegria de sabermos que aguardávamos um bebé, e logo depois saberem que o tínhamos perdido foi algo que os comoveu e os encheu de tristeza.
Fico muito triste ao ver raparigas que pedem ajuda para “tirar-se um peso de cima ao saber que estão grávidas”. Passaram três anos desde essa data e ainda não consegui recuperar. Penso, como é possível que neste momento haja raparigas que se dirigem às clínicas com médicos e pessoas sem ética profissional nem moral, para fazerem um aborto, matando um ser indefeso que não tem culpa de ter sido concebido. E nós, desejosas de conceber, simplesmente perdemos nossos bebés, junto com os nossos desejos e ilusões. Sei que posso ter mais filhos, mas um filho jamais será substituído. Raparigas, façam consciência daquilo que vão fazer!